27 de setembro de 2025

Entre o desejo insaciável por novidades e o esgotamento.

Coluna publicada Jornal o Vale em 27 de setembro 2025

 

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Entre o desejo insaciável por novidades e o esgotamento de tanto busca-las

Tenho observado, em mim mesma e nas conversas que tenho com profissionais de áreas diferentes, uma sensação curiosa e até contraditória: estamos sempre sedentos por novidades, mas ao mesmo tempo cansados de acompanhá-las.

Estamos sempre na busca por um novo look, uma nova cor, um novo tratamento estético, um novo treino. Por outro lado, que canseira de tentar acompanhar tantos “lançamentos” e modismos!

O resultado é que me pego perguntando: será que nada do que temos ou fazemos já não basta?

Na moda, observo que compramos mais do que usamos. Um estudo recente feito na Bélgica indicou que cerca de 40% das peças de guarda-roupa permanecem “encostadas”. Outro dado mostra que no Reino Unido há 1,6 bilhão de peças nos armários que não foram usadas no último ano. Se nem o que compramos chegamos a vestir, de que adianta estar sempre atrás da próxima tendência?

Esses dias vi minha dermatologista, Dra. Natalia Pasin, falando sobre o mesmo “desconforto” na área dela – tantos congresso e novidades e a urgência por novidade nos consultórios. Sempre um nome novo, um protocolo inovador, o tratamento top do momento, o aparelho mais moderno, e todos eles sanando a busca por resultados imediatos. Busca, busca, busca, mas será que na maioria das vezes não deixamos o básico de lado? Manter a pele limpa, hidratações consistentes, proteção solar, um laser com peeling que você já sabe que traz uma qualidade de pele ímpar…

No mundo dos exercícios, a história se repete. Fui perguntar para minha personal trainer sobre um exercício que vi uma blogueira fazendo e que na verdade o efeito era o mesmo de um que já faço, só que o dela era mais instagramável.

Ou seja: perseguimos urgência, mas abandonamos a constância e a consistência e esquecemos que estética, moda, treino não são milagres e que resultados não surgem de um dia para o outro.

Na minha área, imagem pessoal e moda, costumo brincar com minhas clientes e alunas que ganhar destaque, autonomia e repertorio no assunto é igual ganho de massa magra, tem que praticar TODOS OS DIAS (com letra maiúscula mesmo). A pessoa passa pela análise de coloração pessoal, mas não se desafia a aplicar o que descobriu, se mantem na zona de conforto (mesmo tendo se espantado na hora do teste com as diferenças), passa pela montagem de look e depois que usa todos os fotografados abandonam o processo, deixa de lado a possibilidade de replica-los, de criar, de ousar.

E aí, sabe o que é mais fácil? Comprar coisas novas. E até entendo, é uma delícia para quem compra e uma delícia mais ainda para quem vende, mas honestamente o novo não salva se não tivermos algo construído por trás.

Esses dias uma cliente me disse que pegou birra de uma loja – ela compra muito e parece que nunca tem nada para vestir. Ela tinha certeza que o problema era a loja, mas na verdade pude mostrar que não era.

Da mesma forma, aquele aparelho de última geração não faz milagre se você não treina com regularidade, se não repousa, se não dá tempo ao corpo.

Não basta comprar ou começar, é preciso continuar.

Então eu me pergunto (e te convido a pensar comigo): será que precisamos mesmo de mais tendências e novidades? Ou precisamos aprender a fazer bem feito o básico?

Um exemplo, o Dose Diária de Moda, meu quadro no Instagram (@fran.galvao) no estilo “get ready with me” as vezes retrata o básico, as vezes o sofisticado, as vezes o fashionista, as vezes peças novas, na maioria das vezes peças antigas. – porque quero retratar que mais do que correr atrás do novo, escolho investir no que me sustenta (o que não me exime de sempre buscar por aperfeiçoamento e novos conhecimentos). Escolho entender o que combina comigo, o que traduz quem sou. E espero inspirar vocês!

 

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