Coluna publicada Jornal O Vale em 06 de setembro 2025
Empatia criativa: o futuro da moda e da arquitetura
Nos últimos anos, falar de moda deixou de ser apenas falar de roupas. Assim como arquitetura e decoração não tratam apenas de erguer paredes ou escolher móveis. Esses universos se entrelaçam cada vez mais em um ponto comum: a forma como criamos experiências e nos enxergamos nelas, seja no vestir, seja no habitar.
Foi justamente esse o tema do encontro que aconteceu no último dia 28 de agosto na Namô em São José dos Campos – dentro da programação da Dwalk – Mônica Monteiro e Eneida Nascimento trouxeram para o encontro o tema: Empatia Criativa no Design e na Moda, com insights frescos do Green Building Day, e encontro nos provocou a repensar como “vestir” o corpo e os espaços.
A ideia de empatia criativa se destaca nesse cenário trazendo mais do que estética, ela convida criadores, marcas e consumidores a enxergarem o todo: quem vai vestir, quem vai habitar, quem vai sentir. É sobre entender necessidades individuais, respeitar o entorno e traduzir em formas, materiais, texturas, cores e soluções que tragam não apenas impacto visual, mas também pertencimento – o tal do “foi feito para mim”.
Quando pensamos em moda sustentável, ainda é comum restringirmos a discussão aos tecidos biodegradáveis, fibras orgânicas ou processos menos poluentes. Mas o conceito precisa ir além: é sobre personalizar, valorizar o feito à mão, aquilo que nasce do olhar humano e que carrega histórias. Aquela bolsa de crochê, aquela roupa bordada, aquela sandália trançada e porque não, aquele jeito único de multiplicar o uso de determinada peça (olha a importância do styling ai)
Na arquitetura e decoração, esse mesmo raciocínio aparece quando projetamos ambientes que conversam e faz bom uso do entorno, que utilizam materiais regionais, que acolhem a memória e a cultura de quem ali vive, buscando impacto positivo no coletivo e intimidade no individual.
Com isso a valorização do artesanal e do personalizado ganha ainda mais força e nosso estilo e ambientes mais autenticidade.
Esses dias convidei minhas seguidoras a analisarem se a escolha de seus looks é feita realmente por elas ou são os algoritmos que parecem ditar as preferências?
A pergunta martelou por lá, as respostas foram das mais variadas, mas sem dúvida escolher o feito à mão, o artesanal, resgatar técnicas manuais, dar voz a pequenos ateliês, investir em peças que contam histórias mostrou ser a maior possibilidade de imprimir autenticidade.
Na arquitetura e decoração, é trazer o trabalho de artesãos locais, usar materiais naturais, ressignificar objetos e criar ambientes que carreguem identidade.
É o vestido que veste o corpo e a história de quem o costurou ou de quem usou antes de você (aliás uma das minhas peças prediletas do meu closet é um trend coat que foi da minha mãe). É a cristaleira que foi da nossa avó que aquece o coração e valoriza a madeira certificada de sua origem.
Sai do encontro pensando nos meus atos de escolha – no ato de escolher a roupa do meu dia a dia e também naquela reforma que quero fazer em casa – quero, sem dúvida, o que acho belo, mas também o que me acolhe, quero traduzir meu estilo, mas também minha história e propósito. E você? Como vai vestir seu corpo e seu ambiente?