Coluna publicada Jornal O Vale em 11 de setembro 2025
Intimate wear, quando a lingerie e o pijama saem do quarto e ganham as ruas
Nas últimas semanas, as passarelas de Milão e Paris mostraram algo que, há alguns anos, talvez soasse improvável: lingeries e pijamas transformados em protagonistas de looks completos.
Para quem me segue há mais tempo isso não deveria ser surpresa, há bastante tempo tenho falado (e usado) o famoso loungewear que inclusive já foi tema por aqui. A questão é que desta vez as passarelas (e os holofotes da moda) trouxeram versões sofisticadas, acompanhadas de alfaiataria, transparências, brilho e atitude. Um convite ousado e, ao mesmo tempo, poético, para revisitar o que entendemos por vestir-se.
As redes sociais foram tomadas por imagens de coleções que exaltam a lingerie e pijamas (principalmente as camisolas) de forma explícita, mas não vulgar. Uma estética “intimate wear” que mistura o dress code do quarto com o do dia a dia, reforçando o que o comportamento de modo geral vem sussurrando há algum tempo: as fronteiras entre o íntimo e o público estão se dissolvendo.
Para Ana Eliza da Anju de Guaratinguetá “esse movimento não aconteceu do nada. Analisando as últimas coleções, de alguma forma a lingerie estava presente e isso foi aumentando gradualmente. Acredito que esse movimento é de libertação, liberdade de escolha. Algo que antes era considerado proibido, feio ou até mesmo deselegante e aos poucos esse conceito está sendo desmentido. Chegou o momento de tirar essas amarras e crenças antigas em ser e em poder escolher.”
Concordo que a tendência carrega algo além da estética, algo simbólico: a roupa que antes representava recolhimento, agora representa presença. Para mim pessoalmente, entendo como não sendo simplesmente o desejo de mostrar o corpo, e sim de ressignificar algo. O que antes representava vulnerabilidade e exposição, agora chega como presença e autoestima.
Ao trazer a lingerie para fora, as marcas colocam em pauta uma conversa mais profunda sobre liberdade, autoconfiança e a forma como as mulheres têm se reconciliado com a própria imagem.
Segundo Ana Elisa “ainda existe preconceito ou até receio que a renda ou a lingerie à mostra passarão uma imagem inadequada. E isso não é verdade.”
Durante décadas, a lingerie foi projetada para ser vista na intimidade, desejada, escondida. Agora, ela se torna instrumento de autoexpressão – uma escolha consciente que fala mais sobre quem a veste do que sobre quem a observa. E essa inversão de olhar é poderosa. É o que faz uma mulher vestir um pijama de seda e sair de casa com ele, não por desleixo, mas por estilo, porque ela escolheu reinterpretar a mix de conforto com elegância.
Mas é claro que como toda tendência, essa também carrega seus riscos. E a meu ver o perigo está no exagero de acabar usando uma possibilidade de liberdade e conforto em uma forma de exposição forçada ou desleixada. O segredo está em saber dosar: o toque sensual precisa ser equilibrado com proporção, contexto e intenção.
Quer aderir à tendência sem perder o refinamento? Algumas dicas práticas:
Uma tendencia para sentir e não apenas para mostrar!
(se você quiser conferir as fotos dos últimos desfiles corre no meu IG @fran.galvao que fiz uma seleção especial)